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Octavio A. Valsechi - Vico
05 de fev. de 2022
In Informações e Conteúdos
Artigo Publicado em: 27/01/2022 | ASSESSORIA Desde o início de minha carreira na agroindústria, nos idos dos anos 1960, sempre pensei que o grande desafio futuro do setor seria conciliar a segurança alimentar e a preservação ambiental. Constato que este amanhã de minhas preocupações na juventude chegou de modo mais rápido e contundente. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), em seu mais recente relatório, aponta que “a agricultura, a silvicultura e outros tipos de uso do solo representam 23% das emissões humanas de gases do efeito estufa”. É fundamental, portanto, adotar medidas eficazes e rápidas para reduzir o impacto ambiental da produção de alimentos e outros produtos agropecuários. Nesse sentido, o Brasil tem sido um dos protagonistas, pois nosso meio rural aumentou a produtividade nos últimos 40 anos, produzindo muito mais em áreas proporcionalmente cada vez menores. Além disso, grandes porções de matas nativas e mananciais hídricos são preservados dentro das propriedades. O RenovaBio, programa avançado em termos de créditos de carbono, e o potencial do mercado de títulos verdes são outras contribuições do setor. Por outro lado, um dado do relatório do IPCC desperta particular apreensão: um terço da comida produzida no mundo é desperdiçado, por diferentes causas, inclusive em países desenvolvidos e, de modo mais acentuado, nas nações em desenvolvimento. Solucionar o problema diminuiria muito as emissões de gases do efeito estufa e melhoraria a segurança alimentar. Então, fui verificar como acontecem tais perdas. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 54% dos desperdícios ocorrem na manipulação pós-colheita e a armazenagem. Os outros 46%, nas etapas de processamento, distribuição e consumo. Em nosso país, a situação também é grave. Segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), das 140 milhões de toneladas de alimentos que produzimos por ano, 26 milhões são desperdiçadas. Recente estudo da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) mostra que 40% das perdas ocorrem na distribuição após o processamento. Dados recentes do IBGE demonstram que a comida desperdiçada no Brasil seria suficiente para suprir os mais de 10 milhões de pessoas hoje afetadas pela insegurança alimentar, agravada pela pandemia da Covid-19. Perdas pelo caminho chegam a 50% no transporte rodoviário, devido à precariedade das estradas e a demora para que as cargas cheguem aos locais de distribuição. A essa questão da logística, acrescento alerta do estudo Impactos das Mudanças Climáticas na Produção Agrícola Brasileira, realizado em conjunto pela Embrapa, Universidade de Campinas (Unicamp), Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE) e Banco Mundial. O trabalho, divulgado em 2013, mostrou que o enfrentamento do problema no Brasil exigia elevar de modo expressivo a produtividade das lavouras e pastagens, bem como reduzir o desmatamento. Também alertou que o aquecimento terrestre prejudicará muito a agricultura, devido a fatores como redução da quantidade do fluxo de água, afetando a irrigação, aumento da aridez, degradação da terra e desertificação. Fizemos parte da lição de casa necessária: nos últimos 40 anos, nossa área plantada expandiu-se em 33%, mas a produção agrícola teve crescimento de 386%, com enorme ganho de produtividade, revela a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Ademais, avançamos na produção de biocombustíveis, em especial o etanol, e bioenergia, contribuições importantes do setor rural à redução dos gases de efeito estufa. Agora, além de dar continuidade a essas iniciativas, urge investir em infraestrutura de transportes, logística e armazenamento, para reduzir o desperdício. Também é premente estancar o desmatamento, que, segundo o Climate Watch, plataforma do World Resources Institute, responde por 44% da emissão de gases de efeito estufa no País. Em 2050, conforme projeções das Nações Unidas, a população mundial deverá ser superior a nove bilhões de habitantes. Objetivando produzir comida em quantidade suficiente para suprir essa demanda, não podem mais ser adiadas medidas que garantam a sustentabilidade da agropecuária, estanquem o desperdício e protejam o setor das consequências gerais da degradação ambiental. O desafio é grande. Mais do que nunca, a humanidade terá de trabalhar muito para comer. *João Guilherme Sabino Ometto é engenheiro (Escola de Engenharia de São Carlos - EESC/USP), empresário e membro da Academia Nacional de Agricultura (ANA).
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Octavio A. Valsechi - Vico
04 de jun. de 2021
In Informações e Conteúdos
https://www.esalq.usp.br/biblioteca/pdf/livro-2-agricultura-irrigada.pdf
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Octavio A. Valsechi - Vico
01 de mai. de 2021
In Informações e Conteúdos
Há dez anos, fizemos a seguinte pergunta durante o Ethanol Summit, um dos mais importantes evento do setor sucroenergético; - “Estamos ouvindo muitas pessoas falarem sobre o etanol de segunda geração (Etanol 2G ou E2G), mas ninguém comenta a utilização do etanol como matéria-prima para utilizar em células a combustível (Fuel Cell ou FC em inglês) visando a geração de energia elétrica, existe desconhecimento desta tecnologia?” A resposta obtida não atendeu nossas expectativas e foi a de que, com a produção do E2G, poderíamos duplicar a produção do combustível com a mesma matéria-prima cana-de-açúcar. As FCs ficaram sem resposta e nos parece que ainda existem muitas pessoas que desconheçam este equipamento. As FCs foram desenvolvidas na década de 50 e atualmente vem sendo estudadas, objetivando sua utilização como geradores de eletricidade, principalmente na Europa. O que notamos é que nestes dez anos foi realizado, pelos órgãos de fomentos nacionais, um investimento bastante significativo nas pesquisas para a produção de Etanol 2G, sem muito sucesso em sua viabilidade econômica, o que já era de se esperar; pois a produção do Etanol de primeira Geração (que ainda temos muito à aprender) é uma ocorrência natural, já o 2G necessita de uma série de operações para sua obtenção, e muitas delas caras e outras ainda a serem solucionadas e viabilizadas. Considerando a cana-de-açúcar para produzir o Etanol, podemos obter o 1G, através da fermentação dos açúcares contidos no caldo e o 2G através de reações bioquímicas utilizando-se por exemplo complexos enzimáticos para quebra das cadeias de celulose, hemi-celulose e principalmente as de lignina, objetivando a obtenção de pentoses e hexoses e somente a partir deste ponto é que, similarmente ao processo fermentativo do 1G, se obtém o etanol. As “Fuel Cells (FC) foram equipamentos desenvolvidos na década de 50 para gerarem eletricidade e são abastecidas com hidrogênio. Basicamente é composta de dois módulos, um reformador, utilizado para separar o hidrogênio das moléculas de diferentes matérias primas e um módulo gerador de energia elétrica que utiliza o hidrogênio para tal finalidade. Existem atualmente diversas tecnologias de FCs, para diferentes tipos de matéria-prima, assunto que não cabe explorar neste artigo, mas o mais importante é saber que em nossas mãos temos uma matéria prima em abundância e de grande importância para alimentar estes equipamentos. O ETANOL. As FCs mais conhecidas são as que utilizam a água como fornecedora de hidrogênio, pois cada molécula possui dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. Já o etanol, é considerado como a molécula renovável, sustentável, não fóssil e economicamente viável para o fornecimento de hidrogênio para gerar eletricidade para estes equipamentos, pois possui seis átomos de hidrogênio em sua molécula. As tecnologias de mobilidade elétrica são muitas, incluindo os veículos com baterias recarregáveis, os híbridos que possuem motor à combustão e também baterias os com células à combustíveis, alguns com reformadores embarcados e outros somente com tanques de hidrogênio. O desenvolvimento das FCs está sendo motivo de vários segmentos dos setores de mobilidades, incluindo aí, desde veículos leves até locomotivas, passando por tratores e caminhões. Já existem programas de utilização destas células em locomotivas na Europa a partir de 2022 e também nos EUA, já a partir do próximo ano de 2020 uma das maiores companhias ferroviárias passará a utilizar estes equipamentos. Em ambos os casos, não se tem notícias de qual matéria prima será utilizada. Que a mobilidade mundial será baseada na eletricidade, isto já não se tem mais dúvidas. A partir do próximo ano, as montadoras da península escandinava, deixarão de produzir veículos leves movidos com combustíveis líquidos e até 2030, estes mesmos países não queimarão uma só gota de combustível fóssil. A partir destas observações, necessitamos voltar nossos pensamentos e ideias para o aperfeiçoamento e desenvolvimento de tecnologias para se tirar mais eletricidade de nosso setor sucroenergético, principalmente no que se diz respeito às Células à Combustível. Uma delas é a utilização do próprio etanol, que basicamente ao nosso ver, será a melhor opção para ser ofertado como matéria prima para abastecimento dos veículos elétricos movidos à FCs. Neste caso toda nossa rede de distribuição já está pronta. Cabe salientar que este etanol, difere do anidro que aditiva a gasolina e também do hidratado que abastece os veículos flex, mas é o mesmo obtido nas unidades industriais, porém com maior teor de água, o que certamente irá baratear sua produção, uma vez que as destilarias necessitarão apenas da coluna A para a obtenção deste produto. Outra, opção na obtenção do hidrogênio e que algumas unidades já estão adotando, é a produção de metano a partir da biodigestão da vinhaça, neste caso se tem moléculas de metano que possuem quatro átomos de hidrogênio. Porém não se tem notícia de que existe a utilização do metano em FC, apenas é utilizado para queima Finalmente e, mais complicado e trabalhoso seria a gaseificação de palhas, pontas e bagaço para geração de gás de síntese. Muito ainda se deve investir para viabilizar esta tecnologia. Nossa visão das unidades agroindustriais sucroenergéticas para 2050 será a produção alimento como açúcar, (alimento mais barato do mundo se considerar a unidade monetária por quilocaloria obtida); carne (em sistema de confinamento utilizando levedura seca como fonte proteica e bagaço pré-hidrolisado como volumoso); grãos (leguminosas) em áreas de renovação do canavial; bioeletricidade a partir das células à combustível utilizando o hidrogênio do etanol e do metano da biodigestão da vinhaça e a produção de bioprodutos de alto valor agregado, como vitaminas, proteínas, ácidos orgânicos, enzimas, aminoácidos, polímeros e toda uma gama de produtos possíveis de se obter a partir da cana-de-açúcar. Quem viver verá, eu certamente estarei presenciando estas transformações com a autorização do Grande Arquiteto, assim espero. Até lá!
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Octavio A. Valsechi - Vico
16 de abr. de 2021
In Informações e Conteúdos
*Prof. Dr. Octavio Antonio Valsechi À primeira vista parece não haver muita relação entre esta gramínea (meu orientador dizia ser uma “poaceae”) e um átomo comum existente em muitos componentes, inclusive no ar que respiramos e principalmente no produto mais abundante em nosso planeta, a água; são dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio – H2O. Embora aqui no brasil esta palavra “Hidrogênio” ainda não caiu na boca do povo, podemos garantir que muito em breve, estarão comentando nas mesas de bar, em congressos científicos, em rodas de amigos e quem sabe até em sermões religiosos sobre este fantástico átomo. A razão é bem simples, é um elemento que está em foco para mover o mundo. Vamos explicar como funciona e ao fim deste breve artigo teremos a noção do que temos em mãos. O hidrogênio é um gás que foi utilizado pela primeira vez em 1950 por uma multinacional em um equipamento chamado “Célula à Combustível” para gerar eletricidade. De início visava-se a corrida espacial e hoje visa-se a corrida terrestre. Como funciona? Vários elementos em nosso planeta contem este átomo em sua composição, como exemplificamos anteriormente, a água é um deles. A partir de um equipamento bastante simples, podemos fazer a hidrólise (isto significa a quebra da molécula) da água e conseguimos separar o hidrogênio do oxigênio. Este equipamento podemos nominar como um reformador de hidrogênio para água. Assim o oxigênio é liberado para a atmosfera e o hidrogênio enviado para uma célula à combustível (em inglês Fuel Cell ou FC) para gerar eletricidade. Uma célula à combustível nada mais é do que um gerador elétrico que utiliza hidrogênio para gerar eletricidade. Outros produtos também possuem hidrogênio em suas estruturas, como por exemplo a amônia (NH3), o metano (CH4) o etanol (C5H6O) e muitos outros. No caso do etanol, somos os maiores produtores desta molécula a partir da cana-de-açúcar, o que nos dá a grande vantagem de sermos uma vez mais detentores de inovação, como o ocorrido em 1975 com o PROALCOLL, na utilização de um combustível ecologicamente correto, economicamente viável, renovável e autossustentável. A grande vantagem dos veículos movidos à células de combustível é a não emissão dos gases de efeito estufa que muito se fala quando o assunto é meio ambiente, estes gases que tem o gás carbônico como referência são grandes poluidores da atmosfera e responsáveis pelas mudanças climáticas mundial. O etanol da cana-de-açúcar é um grande colaborador para a diminuição destes gases, uma vez que quando se considera o ciclo ambiental desta cultura, quase que zeramos, só não chegamos ainda à este patamar por utilizar o óleo diesel nas operações de plantio, colheita e transporte nos caminhões e tratores. Mas isto está com os dias contados. O hidrogênio contido no etanol (H Verde) pode ser utilizado para gerar eletricidade nos veículos elétricos movidos à células de combustível e dar ao Brasil a possibilidade de abastecer o mundo com este combustível verde e limpo. Os veículos elétricos (VE), até o momento, se classificam em quatro categorias: Veículo elétrico à bateria (VEB); é 100% elétrico cujo combustível é a eletricidade contida nas baterias que são carregadas nas redes elétricas; possuem autonomia e tempo de abastecimento em função do material e da quantidade de baterias que o compõe; o abastecimento é feito em redes elétricas normais, podendo esta eletricidade ser gerada de fontes limpas ou não; as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em equivalentes de CO2 é zero (neste caso considera-se apenas as emissões referentes à mobilidade e não a fonte elétrica, que em alguns casos são poluentes em função da fonte, como a fóssil por exemplo). Veículo elétrico hibrido (VEH); são veículos com motores à combustão interna e elétrico dispostos em paralelo. O motor à combustão é o principal para mover o veículo, com auxílio de um pequeno motor elétrico que é utilizado para colocar o veículo em movimento quando existe energia armazenada em uma pequena bateria; o combustível líquido pode ser fóssil ou biocombustível que carregam as baterias que acionam o motor elétrico, possui pouca autonomia elétrica que é complementada pela autonomia proporcionada pelo combustível líquido; são considerados os menores emissores de GEE em veículos à combustão interna, se utilizar o etanol, apenas 0,062kg CO2/km. Veículo elétrico de célula de combustível ou Fuel Cell em inglês (VEFC); são veículos com sistema de células à combustível e motor elétrico que propulsiona o veículo; o combustível é o hidrogênio que pode ser obtido de todas as moléculas que apresentarem este átomo em sua estrutura, como por exemplo a água (H2O), a amônia (NH3), o metano (CH4) ou mesmo o etanol (C2H6O); a autonomia depende do tanque de hidrogênio ou do reformador deste gás (abordaremos este item logo mais); as emissões de GEE é zero. Veículos elétricos ligados à rede (VER); são 100% elétricos e dependem de fiação para a mobilidade, como são os trólebus ou ônibus elétricos, bondes, metrôs e algumas locomotivas; não possuem baterias, apenas motores elétricos que acionam as rodas; a autonomia está diretamente ligada à rede de energia elétrica na qual o veículo esteja conectado; as emissões de GEE é zero, se considerar apenas a mobilidade e não a fonte de energia elétrica que supre o veículo. Veículos movidos à hidrogênio existem há muitos anos, porém somente em 1986, uma montadora alemã colocou um de seus modelos à prova. Mais recentemente, a Europa vem investindo muito nestes tipos de veículos e desde 2014 um modelo de uma montadora japonesa é o sonho de consumo de muitos. No processo produtivo da cana-de-açúcar, temos dois importantes fornecedores de hidrogênio verde, o etanol que poderá ser utilizado nos veículos à células de combustível, com o equipamento embarcado, e o biometano proveniente da biodigestão da vinhaça que poderá ser utilizado em grandes células de combustível estacionária para fazer a geração e cogeração de energia elétrica. Mais uma vez teremos a mobilidade brasileira baseada na cultura da cana-de-açúcar. *Professor Associado do DTAISER/CCA/UFSCar, coordenador do MTA e consultor da ONU na área da cadeia sucroenergética. (vico@ufscar.br)
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Octavio A. Valsechi - Vico
13 de jan. de 2021
In Informações e Conteúdos
CANA-DE-AÇÚCAR PARA DIABÉTICOS. Prof. Dr. Octavio Antonio Valsechi (vico@ufscar.br) Quem teve oportunidade de conhecer a região amazônica sabe muito bem que todo santo dia chove. A dúvida é se a chuva vai ocorrer as 15h ou as 16h, mas que chove, isso chove. A cana-de-açúcar como todo vegetal necessita de alguns insumos naturais para se desenvolver e cumprir seu papel na natureza que é a perpetuação da espécie. Luz, água e sais minerais. É sabido que todo vegetal e alguns outros seres vivos fazem fotossíntese para seu desenvolvimento. A fotossíntese é um processo realizado pelas plantas para produção de seu próprio alimento. De forma simples, podemos entender este processo. O processo da fotossíntese acontece quando a água e os sais minerais são retirados do solo através da raiz da planta a acaba percorrendo o caule até as folhas em forma de seiva. Nas células das folhas há muitas estruturas chamadas cloroplastos que contém a clorofila, o pigmento que dá a cor verde à planta. Estes, retiram gás carbônico do ar e energia do Sol. Através deste processo, a planta produz seu próprio alimento constituído essencialmente por glicose, um açúcar simples denominado de monossacarídeo. Desta forma, sempre que houver luz, haverá a fotossíntese. É necessário entender que quando há disponibilidade de água, este processo é facilitado e acelerado. Como visto anteriormente a cana-de-açúcar produz, inicialmente um monossacarídeo denominado glicose, mas também, por via metabólica produz um outro monossacarídeo denominado frutose. A união destes monossacarídeos, resulta em uma série de moléculas largamente conhecidas pelo homem, sendo a primeira delas um dissacarídeo resultado da união de dois monossacarídeos, a sacarose, ou o açúcar de mesa, que nós utilizamos para confeccionar nossos alimentos e bebidas. Outros compostos também são formados pela união dos monossacarídeos, como por exemplo o amido, a celulose, a hemi-celulose, a lignina e outros tantos. A celulose, hemi-celulose e lignina, juntos formam os vasos lenhosos, tecnicamente denominado de fibra, necessários para o desenvolvimento e sustentação das plantas e para o transporte da seiva para as folhas. Com disponibilidade de água, a cana-de-açúcar tem seu primeiro estágio de desenvolvimento, o de crescimento vegetativo, isto é, a formação prioritária de vasos lenhosos e basicamente pouca reserva de açúcar, uma vez que estes são usados para o crescimento vegetativo. Então, pergunta o leitor, como a cana-de-açúcar nos fornece o açúcar? Bastante simples, em escassez de água, o processo fotossintético continua, mas ao invés de produzir vasos lenhosos, a planta armazena energia na forma de sacarose, por ocupar menor espaço no interior das células, para quando houver novamente disponibilidade de umidade, utilizar esta reserva para voltar a crescer e tentar completar seu ciclo vegetativo produzindo novos indivíduos através das sementes de suas flores. Pois bem, é nesta fase que nós tiramos o que nos interessa, ou seja, a sacarose. Controlando a quantidade de energia armazenada na cana-de-açúcar podemos tirarmos o máximo possível de açúcar antes que a época das chuvas retorne, pois aí vai haver, além da dificuldade de tirar a matéria prima do campo, a concentração de sacarose vai estar menor que no seu ápice da maturação. Isto explica a razão da safra na região centro-sul ser nos meses de inverno e a do norte-nordeste nos meses de verão, são estações secas. Entendido o anteriormente exposto, clareamos as ideias de que se plantarmos cana-de-açúcar na Amazônia, a chance de sucesso de sermos bem-sucedidos financeiramente é muito remota, uma vez que naquela região não há época de seca. Dificilmente alguém em seu estado consciente de raciocínio, iria querer arriscar produzir cana-de-açúcar naquela região para extração da sacarose. Mas mesmo assim, em 1974, o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), inaugurou, na cidade de Medicilândia, às margens da Transamazônica, uma unidade industrial que foi vendida em 1994 e fechada em 2000. Entendendo este processo, tornaria desnecessário a revogação do Decreto nº 6.961/2009, que estabelecia o zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar (ZAE Cana), do qual tivemos oportunidade de participar juntamente com os competentes técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Naquela época visamos elencar quais áreas seriam factíveis de serem utilizadas para o cultivo da cana-de-açúcar, com e sem irrigação, não comprometendo os biomas protegidos como Amazônia, Pantanal e outros, e também que não competissem com alimentos. Descobrimos cerca de 64 milhões de hectares, basicamente seis vezem mais do que temos hoje cultivado. Até o momento, com as variedades de cana-de-açúcar que dispomos hoje, torna-se inviável querer produzir açúcar ou etanol naquela região, à não ser que queiram produzir cana-de-açúcar para diabéticos, ou seja, uma cana-de-açúcar bastante rica em água, mas sem açúcar.
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Octavio A. Valsechi - Vico
13 de jan. de 2021
In Informações e Conteúdos
https://www.mta.ufscar.br/arquivos/publicacoes/resumos_mta-10-anos-1.pdf Vejam os resultados de trabalhos de fim de curso dos alunos do MTA. Algum assunto certamente vai te interessar.
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Octavio A. Valsechi - Vico
13 de jan. de 2021
In Informações e Conteúdos
A MOBILIDADE ELÉTRICA E O SETOR SUCROENERGÉTICO. Prof. Dr. Octavio Antonio Valsechi – DTAISER/CCA/UFSCar vico@ufscar.br Há dez anos, fizemos a seguinte pergunta durante o Ethanol Summit, um dos mais importantes evento do setor sucroenergético; - “Estamos ouvindo muitas pessoas falarem sobre o etanol de segunda geração (Etanol 2G ou E2G), mas ninguém comenta a utilização do etanol como matéria-prima para utilizar em células a combustível (Fuel Cell ou FC em inglês) visando a geração de energia elétrica, existe desconhecimento desta tecnologia?” A resposta obtida não atendeu nossas expectativas e foi a de que, com a produção do E2G, poderíamos duplicar a produção do combustível com a mesma matéria-prima cana-de-açúcar. As FCs ficaram sem resposta e nos parece que ainda existem muitas pessoas que desconheçam este equipamento. As FCs foram desenvolvidas na década de 50 e atualmente vem sendo estudadas, objetivando sua utilização como geradores de eletricidade, principalmente na Europa. O que notamos é que nestes dez anos foi realizado, pelos órgãos de fomentos nacionais, um investimento bastante significativo nas pesquisas para a produção de Etanol 2G, sem muito sucesso em sua viabilidade econômica, o que já era de se esperar; pois a produção do Etanol de primeira Geração (que ainda temos muito à aprender) é uma ocorrência natural, já o 2G necessita de uma série de operações para sua obtenção, e muitas delas caras e outras ainda a serem solucionadas e viabilizadas. Considerando a cana-de-açúcar para produzir o Etanol, podemos obter o 1G, através da fermentação dos açúcares contidos no caldo e o 2G através de reações bioquímicas utilizando-se por exemplo complexos enzimáticos para quebra das cadeias de celulose, hemi-celulose e principalmente as de lignina, objetivando a obtenção de pentoses e hexoses e somente a partir deste ponto é que, similarmente ao processo fermentativo do 1G, se obtém o etanol. As “Fuel Cells (FC) foram equipamentos desenvolvidos na década de 50 para gerarem eletricidade e são abastecidas com hidrogênio. Basicamente é composta de dois módulos, um reformador, utilizado para separar o hidrogênio das moléculas de diferentes matérias primas e um módulo gerador de energia elétrica que utiliza o hidrogênio para tal finalidade. Existem atualmente diversas tecnologias de FCs, para diferentes tipos de matéria-prima, assunto que não cabe explorar neste artigo, mas o mais importante é saber que em nossas mãos temos uma matéria prima em abundância e de grande importância para alimentar estes equipamentos. O ETANOL. As FCs mais conhecidas são as que utilizam a água como fornecedora de hidrogênio, pois cada molécula possui dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. Já o etanol, é considerado como a molécula renovável, sustentável, não fóssil e economicamente viável para o fornecimento de hidrogênio para gerar eletricidade para estes equipamentos, pois possui seis átomos de hidrogênio em sua molécula. As tecnologias de mobilidade elétrica são muitas, incluindo os veículos com baterias recarregáveis, os híbridos que possuem motor à combustão e também baterias os com células à combustíveis, alguns com reformadores embarcados e outros somente com tanques de hidrogênio. O desenvolvimento das FCs está sendo motivo de vários segmentos dos setores de mobilidades, incluindo aí, desde veículos leves até locomotivas, passando por tratores e caminhões. Já existem programas de utilização destas células em locomotivas na Europa a partir de 2022 e também nos EUA, já a partir do próximo ano de 2020 uma das maiores companhias ferroviárias passará a utilizar estes equipamentos. Em ambos os casos, não se tem notícias de qual matéria prima será utilizada. Que a mobilidade mundial será baseada na eletricidade, isto já não se tem mais dúvidas. A partir do próximo ano, as montadoras da península escandinava, deixarão de produzir veículos leves movidos com combustíveis líquidos e até 2030, estes mesmos países não queimarão uma só gota de combustível fóssil. A partir destas observações, necessitamos voltar nossos pensamentos e ideias para o aperfeiçoamento e desenvolvimento de tecnologias para se tirar mais eletricidade de nosso setor sucroenergético, principalmente no que se diz respeito às Células à Combustível. Uma delas é a utilização do próprio etanol, que basicamente ao nosso ver, será a melhor opção para ser ofertado como matéria prima para abastecimento dos veículos elétricos movidos à FCs. Neste caso toda nossa rede de distribuição já está pronta. Cabe salientar que este etanol, difere do anidro que aditiva a gasolina e também do hidratado que abastece os veículos flex, mas é o mesmo obtido nas unidades industriais, porém com maior teor de água, o que certamente irá baratear sua produção, uma vez que as destilarias necessitarão apenas da coluna A para a obtenção deste produto. Outra, opção na obtenção do hidrogênio e que algumas unidades já estão adotando, é a produção de metano a partir da biodigestão da vinhaça, neste caso se tem moléculas de metano que possuem quatro átomos de hidrogênio. Porém não se tem notícia de que existe a utilização do metano em FC, apenas é utilizado para queima Finalmente e, mais complicado e trabalhoso seria a gaseificação de palhas, pontas e bagaço para geração de gás de síntese. Muito ainda se deve investir para viabilizar esta tecnologia. Nossa visão das unidades agroindustriais sucroenergéticas para 2050 será a produção alimento como açúcar, (alimento mais barato do mundo se considerar a unidade monetária por quilocaloria obtida); carne (em sistema de confinamento utilizando levedura seca como fonte proteica e bagaço pré-hidrolisado como volumoso); grãos (leguminosas) em áreas de renovação do canavial; bioeletricidade a partir das células à combustível utilizando o hidrogênio do etanol e do metano da biodigestão da vinhaça e a produção de bioprodutos de alto valor agregado, como vitaminas, proteínas, ácidos orgânicos, enzimas, aminoácidos, polímeros e toda uma gama de produtos possíveis de se obter a partir da cana-de-açúcar. Quem viver verá, eu certamente estarei presenciando estas transformações com a autorização do Grande Arquiteto, assim espero. Até lá!
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Octavio A. Valsechi - Vico
30 de dez. de 2020
In Informações e Conteúdos
Histórias do Setor Sucroenergético content media
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Octavio A. Valsechi - Vico
30 de dez. de 2020
Nossa experiência com o combustível mais limpo do Mundo. 1925 content media
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Octavio A. Valsechi - Vico

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